Varrendo com a memória
Todos os lugares
Na audácia de prever o futuro
Por conhecer o passado
Tão inocentes os que acreditam saber
Tão prepotentes os que acreditam ter vencido
Nada esta perdido
Nas careiras do vento
Num poeta desconhecido
Falando sobre tudo
Não conhecendo nada
Chega sua obra em caixas
Textos anônimos
Esquecidos
Sem a autoridade do autor
Importando mais quem fez do que o foi feito
Desconstrutor humilde de falsas verdades
Ainda vive
Sabe que ninguém sabe
Por isso sabe muito
Não conhece nada
Viveu o mundo
Dias na memoria
Artesanalmente criados
Na violência e inconstância das aguas
Moldando rochedos
Não é ninguém
Por isso é todo mundo
É qualquer um
É o povo
A representação do sentimento humano
O que há de mais sublime
Poeta desconhecido
Quem acreditou vencer
E viveu apenas uma vida
Todos os lugares transformados num mesmo
Vencia cada momento
Sua vitoria própria de não mudar
Ganhou e fechou-se em si mesmo
Homem conhecido que morreu
Poeta desconhecido que perdeu
Despojou-se em cada canto de um preconceito
Levou uma beleza
Vivendo em cada sorriso
Existem ainda senhoras
Que ao anoitecer rezam por ele
E como uma lenda
Contam sua historia
Para as jovens filhas sonhadoras
Em tom de segredo feminino
Das antigas mulheres que na repressão
Olvidaram o amor e aceitaram o poder
O mito viaja as antigas ruas
Sem saber por onde anda
O poeta desconhecido
Homem conhecido
Vencedor que todos localizam
Tumba de faraó
Temida ainda em pesadelos
Nome de ruas
Exemplo de austeridade
Pobre ser que ninguém amou
Mas a todos comprou
21 novembro 2010
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