Índices de analfabetismo, crianças mortas ao nascer, fome, desemprego, tráfico, são as manchetes diárias do submundo que parecem ser tão distantes do cotidiano daqueles que as lêem, lemos então noticias dos que não sabem ler.
De tão imersos em uma mentalidade arcaica e aristocrática reforçamos ao longo dos séculos a eterna dependência estrangeira, talvez porque sempre quisemos estar próximos do luxo e da pompa, negando as raízes da terra. Não é a toa que em um país de maioria afro-descendente apareçam nas novelas galãs altos, claros e dos olhos azuis, o público gosta de se identificar com algo que não lhe pertence, preferimos o estrangeiro a o nacional, foi o que Tarsila tentou dizer com o Abaporu mostrando que o estrangeiro deve ser digerido e enquadrado na nossa realidade, e não apenas reproduzido.
O sentimento aristocrático português, que condenava serviços manuais e sustentava a boa vida da aristocracia, ainda está presente no Brasil. O que vemos até hoje é o sub-julgamento dos trabalhos ditos menos importantes e a elevação das funções consideradas nobres, como política, medicina e direito. Sendo tutelado pelo estado um alto padrão de vida para quem executa essas funções “superiores” nos órgãos públicos.
Por esses e outros pensamentos extremamente alienados, digo que a classe média é burra por excelência. Burra porque acredita estar mais próxima do high-society e distante do “povão”. Essa classe vota junto com os magnatas reproduzindo assim suas ideologias, é a classe que tem medo de perder tudo e que na verdade não tem nada, acreditando estar bem longe dos reflexos do sub-desenvolvimento, já que não passam fome, tem hospitais bons para os seus filhos e costumam ter um carro na garagem.
Tentar mudar algo pelo caminho da sensibilização e consciência de nacionalismo tem se mostrado uma tática de pouca ou nenhuma eficiência. A mudança só começa aparecer quando os formadores de opinião são atingidos pelos problemas, os oprimidos não têm voz, e mesmo que quisessem falar repetiriam os discursos de seus patrões, levando em consideração que a formação política vem de uma boa base educacional.
Sendo assim, a forma de conseguir a mudança não vem de murros em ponta de faca, que sempre reivindicam e mostram os mesmos flagelos desde que nos entendemos por Brasil. O mais inteligente seria então mostrar pra essa classe burra (da qual faço parte) o quanto ela é afetada por esses vícios estatais, assim veria que carrega junto com o resto da população a “nobreza” que sempre almejou.
Se parassem pra pensar por alguns minutos nos gastos exorbitantes com o governo e o beneficio que tem em troca, perceberiam logo que perdem todos os anos uma pequena fortuna, com impostos onerosos, burocracia e mau funcionamento da maquina pública, alem de gastos com seguros, previdência privada, juros etc. Notariam que o automóvel do ano que tem é na verdade um elefante branco, que em outros paises valeria a metade do preço e teria o dobro do conforto. Notariam que se as escolas fossem melhores não gastariam com ensino privado, e no final de todas as contas chegaria a conclusão de que estão sendo lesados dia a dia por corroborar com um discurso conservador, mantedor do um status quo de uma elite dominante da qual nunca fizeram parte e nem vão fazer.