25 junho 2009

São os 34!

Ai vai um texto redigido por mim há algum tempinho...espero que gostem.

34 %, pois é este o valor dos impostos sobre os medicamentos. Para aquisição do carro próprio pagamos 41 % de impostos, valor altíssimo para o retorno que temos. Não me importaria de pagar imposto se recebesse meu dinheiro por meio de serviços do governo. O que acontece com estes 34 por cento de impostos que pagamos sobre os remédios? É meio óbvio e não precisaria ser dito que gostaria de receber estes tributos na forma de atendimento médico, um plano que me dê tranquilidade e saber que não me preciso me preocupar, pois se adoecer o governo cuidará de mim, nestas condições tudo bem, não teria coragem de reclamar por impostos menores.

Mas então pagamos tributos altíssimos e não vemos retorno. Nosso dinheiro se perde, ou melhor, se transforma, assim como já dizia nosso caro amigo Antoine Lavoisier ["Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma."], amigo seria exagero, tudo bem. É uma transformação incrível, sai de nossos bolsos e vira jatinhos de luxo, viagens ao exterior, sustento de madames desocupadas e isto tudo de baixo de nosso nariz. Mas o único sentimento que nos domina é a raiva que antecede uma impotência total, pode ser impotência por falta de vontade ou por falta de capacidade, tanto faz, sobretudo é uma impotência que me incomoda e pouca, ou nenhuma ideia eu tenho sobre como reagir.

Continuamos pagando tributos, vendo os escândalos, nossos políticos dizendo que pouco se importam com a opinião pública e o dinheiro que por mérito nos pertence se esvaindo. É um assunto complicado, uma quadrilha enriquecendo com o “crime organizado”, este sim é o CRIME e muito bem organizado.

Contudo continuamos trabalhando e seguindo nossa utopia, alguns ignorando tudo, outros escrevendo besteiras como este texto achando que deste modo o sentimento de culpa passará e muitos outros, estes os espertos, se juntam a toda essa roubalheira, seja direta ou indiretamente. Espertos que de algum modo ganham, votando por troca de uma cesta básica ou mesmo omitindo crimes absurdos. Mas eu prefiro continuar do meu jeito, sendo burro e trouxa, mas politicamente correto (não que seja mesmo, mas pode ser que alguém pense isso), e quem sabe um em um longínquo tempo encontro muitos outros que nem eu, deste modo a minha revolta servirá para alguma coisa e a última risada será a melhor.

E hoje a gasolina está barata, em poucos lugares, mas estamos livres de impostos por um dia, em alguns lugares, mas fico feliz por aqueles que podem gozar desse feito e se tudo correr bem eles sentirão falta dessas horas de alegria, assim logo podemos tomar alguma atitude. Utopia sem fim.

18 junho 2009

Pequena Reflexão sobre Analfabetismo Político

Não, o que pretendo enfocar nesse texto não é a questão do analfabetismo real de pessoas que não sabem ler e escrever, ou analfabetismo funcional, semi-analfabetismo, ou ainda crianças que chegam ao fim do ensino fundamental praticamente semi-analfabetas. Tão pouco é sobre as pessoas que sabem ler mas não o fazem. O analfabeto político muitas vezes é sim essas pessoas. Porém há muitos outros até com doutorados e bons empregos.
A política a que me refiro não é, necessariamente, a política partidária, esquerda e direita, tão confusas atualmente, uns dizem que esse embate ideológico perdeu o sentido, porém essa parece ser mais uma forma de analfabetismo político. Ou ao velho clichê "vote consciente", não acredito que política se resuma a ser eleitor. Refiro-me a política num sentido mais amplo, presente em todos os lugares, política no sentido de vida em comunidade.
Nada mais equivocado do que se dizer apolítico, como se pudesse ser alheio aos fatos que o cercam. Se posicionar "apoliticamente" não é nada mais do que concordar com as coisas como são. Igualmente se imaginar neutro em relação aos acontecimentos, neutralidade é uma idealização dificilmente aplicável à realidade. Não somos neutros em nossas ações, conscientes disso ou não, mesmo escolher não agir já um posicionamento.
Em nossas ações cotidianas somos políticos, nos posicionamos politicamente. Se se é um professor, ensina por quê? Com vista a que? Para beneficiar quem? Quais ideologias estão por trás do ensino? Conhecimento não é neutro. Da mesma forma um cientista, quais são as implicações de suas pesquisas? Interessa a quem e por quê? Ou um advogado, advoga a favor de quem? Interpreta a lei de acordo com quais interesses? Artistas, arte tem muito de subjetividade, porém também emite uma opinião, pinta uma bela paisagem ou fotografa as ruas sujas, mal cuidadas e com mendigos?
Analfabetismo político é pensar poder ignorar tudo isso, não importa o grau de escolaridade. É não reconhecer a complexa rede social na qual nós seres humanos estamos inseridos, ninguém está isolado, nossa ação ou não ação é válida, ninguém pode se dar ao luxo de ser apolítico. No entanto é bem mais fácil se esconder atrás dessa idéia, porque emitir uma opinião é se comprometer, e mais ainda, agir politicamente exige a responsabilidade por essa ação.

__ Reflexões (que servem muitas vezes para mim e para muita gente, em nossa apatia política) após ler um artigo de Paulo Freire "O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO POLÍTICA", disponível em http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/obras/artigos/6.html

11 junho 2009

MEDO!


Goiânia, vinte e seis de agosto, três dias para meu aniversário, quarta feira, dia quente e céu azul sem nuvens, uma tarde como qualquer outra, mas podia ter sido diferente..

Terminada a aula estava indo para casa, trânsito ameno, era mais um motoqueiro cruzando a cidade, moto verde, capacete preto, mochila e calça jeans.

Depois de uma rótula surge uma viatura da PM mandando encostar, apontaram as armas, encostei assustado, fazendo o que ordenavam. Não sei quem estava com mais medo, se eu ou eles, nada justificava aquela abordagem.

Trezentas perguntas feitas, como em tribunal. Seria eu um mega mafioso, traficante ou coisa do tipo? Era um julgamento, cabia a aqueles quatro homens darem a sentença, estava a mercê dos seus “achismos”.O engraçado e que só depois de fazerem suas suposições, de revistar tudo e até de cheirar minhas mãos, e que decidiram “averiguar” a documentação. Em minha carteira havia um cartão de aluno da UEG, e então de forma repentina e mágica, começaram a ser mais educados, a lei não é a mesma para estudantes universitários.

Antes de concluir o show, um dos oficiais ainda quis demonstrar sua imensa destreza e comprometimento com o serviço. Verificando os documentos (CNH e registro do veículo) notou que havia certa diferença entre os dois, meu nome se apresentava diferente. O que ele não notou é que estava comparando nomes com diferentes. Educadamente mostrei seu equivoco, apontando para a palavra filiação na CNH, é notável a falta que faz uma simples interpretação de texto no dia a dia.

O policial estava mesmo certo em analisar meu nome, nomes são utilizados para designar tudo que está a nossa volta, dando valores e significados as coisas. Policia Militar é um exemplo. A palavra militar designa exatamente os tipos de atribuições dessa policia: Coibir, amedrontar, seguir regras, ter disciplina, não questionar ordens, por mais que elas sejam ridículas.

Será que é difícil entender o lugar dessa simples palavra: Militar? Militares são para guerras, militares combatem “inimigos” a população precisa de proteção e não de pavor. São os resquícios de uma ditadura teimando em continuar presentes.

Fico pensando.. Caso agressividade e coerção dessem bons resultados, seriamos guiados por princípios espartanos, o conceito de ética, as bases da sociedade de direito não existiriam, seria o caos! Mas felizmente seguimos outros preceitos, não precisa muito para perceber que os países com maior índice de desenvolvimento humano, sejam também os mais democráticos, o Brasil ainda não entendeu o sentido dessa palavra : democrático, parece que temos dificuldade em entender palavras.

Apesar do susto fui-me embora, mas talvez pudesse ter sido diferente, talvez não tivesse comemorado meu aniversário nesse ano. A sorte faz parte da vida, como um dos soldados disse “Você tem sorte de sua moto não ser vermelha, estamos procurando um ladrão que roubou uma moto vermelha” é o mundo dos sé, se minha moto fosse vermelha, se não tivesse parado logo...Agora tenho certeza de nunca comprar uma moto vermelha e admito, pode ate parecer engraçado, mas EU TENHO MEDO DE POLICIA.

04 junho 2009

O pós-moderno também ama

E tem uma frase que encanta.
E tem um tema que nos deixa extasiados.
“O iluminismo está morto, o Marxismo está morto, o movimento da classe trabalhadora está morto... e o a autor não se sente muito bem” (Neil Smith).
O tema? PÓS-MODERNISMO.
Que é tudo o que vivemos agora.
Sinto-me tão pós-moderna.
Marx, Freud e Nietzsche... Tudo morto.
E eu sem vínculos, sem filósofo-referência.
E há quem diga que hoje só desejamos o Contemporâneo.
Que só queremos os autores da atualidade.
Queremos Zizek , Deleuze.
E a irreverência de levar tapas na cara.
Para voltarmos ao sentimento mais cristão.
Ofereço a outra em troca de mais conhecimento.
Queremos as supostas verdades, nada convencionais.
Pois se Marx, Freud e Nietzsche estão enterrados.
Quem me sobra?.
Só esses pós-modernos que difundem tantas intrigas filosóficas.
E que dizem sim, grandes verdades, já ditas anteriormentes.
(Rá!)
Modismo intelectual não é tão absurdo assim.
O que tem os modismos chegarem também no âmbito da filosofia?
Povo altivo, esse que pensa.
Não ignoremos os clássicos, mas que as desconstruções nos sejam preferíveis.
Sem paciência para os gregos.
Começamos ler Nietzsche.
E percebemos que tinha um tal de Fredric Jameson.
Que discute cinema, arquitetura, economia, música e diz: “A obra de Andy Warhol é realmente centrada em torno da mercantilização. E o afeto desde a cultura moderna esmaeceu."
Agora me diz:
E quem continua amando?
Se sente também sem afeto!
Na verdade, só não se sente bem.



*Imagem: Edward Hopper, Summer Interior, 1909, Oil on canvas, the Whitney Museum of American Art, New York City.