15 abril 2010

Da arruda ao Arruda

A arruda é uma planta denominada de diversas maneiras: arruda-fedorenta, arruda-doméstica, arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte. A plantinha é muito vista em jardins, casas, floreiras e ‘acompanha’ muitos seguidores da boa e velha horta. Usada por muitos com finalidades medicinais, a arruda acalma – dizem os mais velhos – faça-se chá, então. Até para piolho – dizem eles – é bom.

Quem dera se toda arruda fosse boa. Quem dera que as (os) arrudas que falamos corriqueiramente tivessem apenas seu cheiro forte, cheiro este que na maioria das vezes nem incomoda, até agrada ao olfato. Pois para os brasileiros Arruda é motivo de dor de cabeça, é motivo de indignação e um grande motivo de preocupação. Assim como a plantinha cultivada em jardins de todo mundo, Arruda do DF foi uma escolha, ninguém obrigou ninguém a ‘plantá-lo’ lá; a opção foi dada. Também pudera, quem saberia que a arruda plantada poderia ter veneno, ou pior: atrairia malditas pragas.

Pode estar longe, as vezes nem importa. – Coisa pouca – diriam uns. O problema é que o cheiro da arruda pode chegar mais perto e é ai que a indignação aumenta. Como na arte da ‘medicina caseira’ poderia arruda apenas servir para espantar os piolhos, mas do contrário atrai cada vez mais. É difícil entender como continuam tentando plantá-lo por ai, ao invés de deixá-lo plantado no chilindró. Parece que alguns insistem em usá-lo atrás da orelha, talvez usando de inspiração os que saem por ai com galho de folhas da planta de mesmo nome no mesmo lugar. Livrem-se disso, de nada serve. O pior é que o cheiro com certeza impregnará naqueles que andam por ai com arruda – ou Arruda. É espantoso a soltura de tal surrupiador, mas como se trata do Brasil é crível.

Tal democracia

Um dia me disseram que o Brasil era um país livre. Fiquei aliviado, afinal ficava apavorado com Cuba ou o país norte-coreano. Um dia também me falaram que o Brasil é um país de mentirosos, mas isto já sabia há muito. Saibam aqueles que ainda não sabem que o jornal O Estado de S. Paulo já está censurado há mais de 250 dias, mas nunca mais se falou sobre o tema. O filho do presidente do senado “Sarneyzinho Jr.” – ops, Fernando Sarney – que apresentou recurso judicial para censurar o jornal “de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica” (O Estado de S. Paulo, 2009). A justiça aceitou. Tudo isso é informação ‘velha’, que nunca mais apareceu nos noticiários, porém o jornal continua sem o direito de liberdade.

Este é apenas um lembrete sobre tal assunto; será que teremos uma festinha para o Estadão no Senado, no Planalto ou em algum órgão público quando os 365 dias chegarem? Acredito que não. Sem coração esse pessoal. Não preocupem-se. Embora muitos tenham esquecido, ainda restam os poucos que lembram, e estes usarão a oportunidade de esclarecer tudo quando possível. Era uma vez um país livre e democrático, um dia ele morreu. Esta ilusão de democracia é pano para outra manga. Logo logo estará por aqui também.

Nada mais por hoje.

2 comentários:

  1. é tenso, Sarney, Arruda, Goiânia a quinta cidade do mundo com maior desigualdade social e por ai vai..
    03:04 da manha... é por isso que as pessoas se casam e se entregam a familia e a monotonia dos domingos se fechando em suas casas, é um mecanismo de defesa quando nos deparamos com a descrença no ideal de mudança!

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  2. Verdade. Mas ai que mora o problema: não podemos desacreditar totalmente no ideal de mudança. Precisamos mudar. Precisamos lutar pela mudança. Talvez não seja a mudança em um meio geral, mas ao menos para nós mesmos.

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