Continuando o assunto tratado aqui no blog semana passada, hoje venho defender as cotas em universidades publicas para alunos de escolas públicas. No entanto, é com muito pesar que me posiciono a esse respeito. Pois a existência das cotas para escolas públicas é o reconhecimento, por parte do próprio Estado, da precariedade da educação pública em nosso país.
Triste realidade, quando essas cotas são apenas paliativas, antes não fosse preciso elas existirem. Mas são necessárias. Mesmo com o possível argumento de que o melhor seria investir na educação pública como um todo (sim, essa seria a melhor solução possível), os resultados desse suposto investimento levariam anos, ou décadas, deixando ainda milhares de fora. E, infelizmente, nada indica que isso vá acontecer. A solução mais imediata é, então, as cotas.
A necessidade desse tipo de cotas evidencia a forma como a educação foi e é tratada por aqui. Frequentemente se vê propagandas institucionais valorizando a educação, colocando a educação em primeiro lugar, uma forma de mudar o país. Porém não é bem isso que se constata na realidade: escolas padronizadas, superlotadas, estrutura física precária, baixo salário e pouca valorização dos professores, entre outros fatos. Nos últimos anos se estendeu o alcance da escolarização, porém a que custo? Massificou-se a educação, no entanto que educação é essa proposta para "todos"? Educação para todos, mas só até certo ponto, para a maioria apenas o básico e para alguns poucos as oportunidades e o poder que o conhecimento gera, isso é o que vemos acontecer. Situação difícil de mudar e que talvez tenda a se intensificar. Pois vivemos em épocas neo-liberais, prega-se a interferência mínima do Estado (menos nos momentos de crise, mas essa é outra história), entrega-se tudo ao mercado, inclusive a educação, é só comparar o nível de escolas particulares e públicas (e não só educação, também saúde, segurança, lazer...). Ou seja, quem tem recursos para pagar, para comprar, para consumir tem acesso; quem não possui recursos é deixado à margem. Dessa forma a educação dificilmente poderá ser um fator de mudança da sociedade, ela acabará por apenas refletir e reproduzir essa mesma sociedade com suas injustiças e desigualdades. As cotas, assim, podem ser uma forma de amenizar esse processo, de garantir um mínimo de oportunidade para quem, antes, estaria excluído.
Cotas para estudantes de escolas públicas, diferentemente do que foi tratado semana passada (cotas para negros) me agrada. Desse jeito não favorecemos uma raça e sim uma classe sem condições (claro que ainda sim existem aqueles que mesmo estudando em escolas públicas podem pagar um ensino em uma faculdade), enfim, auxiliando as pessoas que não tenham condições financeiras andamos para o desenvolvimento, afinal a educação é o ponto forte do sucesso, agora como discutíamos semana passada, favorecer apenas os negros sem pensar nos brancos pobres, é um passo para o buraco.
ResponderExcluirDada minha opinião. Bom o texto, foi direto ao ponto. Quanto ao tema não há o que falar, viemos tratamos de temas semelhantes há algum tempo, e cada vez gera mais discussão, é um tema instigante, que certamente levará muito tempo até que se chegue a um "acordo".
Muito bom, gostei do tema e acho pertinente em um momento tão sensível da historia do país, parece que estão começando a notar que as diferenças tem que ser amenizadas para que possamos ter um futuro com mais prosperidade, o que está em discussão nesse momento sensível é a forma como isso deve ser feito.. prouni ?? reuni?? cotas ou o que ??
ResponderExcluirprecisamos dar o passo certo e os acertos só podem vir da reflexão,
valeu Gabriela
Este texto parece que foi mais unânime, sem muitas divergências. Não concordo com o prouni (citado no comentário acima). Acredito mais no fortalecimento e investimento na universidade pública do que o Estado dar dinheiro para faculdades particulares.
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