Foram 18 dias no IX encontro de culturas da chapada dos veadeiros, calculo em dias porque é o que manda a regra, mas o tempo em que passei no encontro não se pode medir, nem se pode dizer se foi muito ou se foi pouco.
Muito tempo se considerarmos que 18 dias é a metade de um mês, muito tempo se considerarmos que a maioria dos eventos costuma ter uma semana, ainda mais que o encontro exigia uma vivencia integral de suas atrações.
Pouco tempo se pensar que já estou com saudades, muitíssimo pouco se olhar para trás e ver que foram os 18 dias mais proveitosos do ano até agora. Quando sai de Goiânia, me sentia simplesmente Goiano, por mais que soubesse que sou Brasileiro, por mais que conhecesse geografia e já tivesse visto de tudo um pouco na tv ou no jornal. Eu era apenas minha cultura urbana e o jeito urbano de olhar pra tudo que me é diferente.
Durante o encontro meus pelos arrepiaram, vi a parte mais visceral desse país, vi o povo de diferentes regiões se encontrarem para dançar e tocar. Senti a força dos tambores e a felicidade do maracatu, senti as diferenças, e então meus olhos brilhavam, estava sentindo o que é ser Brasileiro, estava sentindo toda aquela felicidade, toda aquela força ao meu redor.
Já não acreditava que a cultura popular pudesse resistir a globalização, me enganei, fiquei boquiaberto, vi que havia algo ali muito maior do que a simples reprodução de crenças e tradição, algo muito mais forte que reunia todas as pessoas em prol de um objetivo comum. Acredito que esse algo foi a razão de me arrepiar, que me fez sentir uma adrenalina sem igual, vontade de dançar e de não ir embora mais.
Fora o maracatu que já citei, houve diversas outras manifestações como um encontro de capoeira angola, oficinas de batuque, folia de reis, o império dos Kalunga e varias outras coisas, que se eu for falar de todas vou correr o risco de esquecer alguma, e acabar fugindo do meu foco, tamanha era a proporção do evento, alem do que, abaixo fica o link para quem quiser saber dos acontecimentos de forma isolada.
Uma encontro de culturas em especial foi a 3 º Aldeia Multiétnica, que aconteceu durante a primeira semana do evento. Oito tribos indígenas se alojaram na pousada da lua que dispõe de uma ampla área verde e espaços para apresentação das danças e cantos indígenas, a vivência entre as diferentes tribos e os homens brancos permitiu um maior conhecimento mutuo e por conseqüência maior respeito também.
A procura de todos em alcançar um bem comum, que é a preservação, tanto das culturas e tradições quanto do meio ambiente é a maior conquista desse encontro, durante os dias na aldeia e na cidade. Eu que já era totalmente a favor das causas indígenas, dos ex quilombos e de todos aqueles que foram e ainda estão sendo forçados a abdicar do que é seu em detrimento da chamada civilização fiquei ainda mais militante, e já pretendo fazer meu tcc em uma tribo.
Isso tudo que o encontro proporcionou e muito mais é o que nosso país tem para mostrar, é o que de mais valioso nós temos, nossa cultura , nosso povo e nossa terra. Vamos dar importância ao que é nosso, vamos levantar a cabeça e dizer que nós temos história, que nós temos nossa fé a nossa força, porque é muito vergonhoso e até humilhante, contar nos livros uma historia de colonizador, sem batuques e sem tambor.
*Foto por Anna Morais
com certeza, nossa cultura é muito variada, e não tem o enfoque que merecia pra ser ministrada nos colégios do ensino médio
ResponderExcluirnosso sangue é negro, é indígena, possui o fulgor do selvagem e do africano, misturado com o instinto invasino e usurpador do povo do velho mundo
não é a toa qui brasileiro tem raça e gÊnio forte hehe
O Brasil vai muito além do carnaval!!
ResponderExcluirPena q isso ocorre tão longe e a maioria das pessoas acaba isolada no meio urbano!!
=/
A questão do ensino é complicada, há hoje leis sobre o ensino de cultura indígena e africana (ou afro-brasileira) nas escolas, mas como ensinar e aprender o que não se vivencia? O que muitas vezes é exposto de forma caricata ou como mero folclore?
Isso é o que fortalece essa globalização em curso, acreditar q não há alternativas, tanto no plano econômico, quanto cultural! Há sim, mas nem sempre elas são divulgadas e incentivadas!
Oportunidade única essa!!!
=)
sem duvidaa, acontece todo ano em julho x)
ResponderExcluirvale a pena!
ano qui vem não irei perder, putz... ano qui vem, estarei em gyn, vida nova... \o/
ResponderExcluirGostei muito do texto, daquilo que disse. A cultura brasileira realmente é muito diversificada, por isso não podemos olhar esse "pedacinho" de cultura ai. Moro no sul e desse meu pedaço de terra que me orgulho. Apesar de respeitar toda essa cultura, antes de tudo sou GAÚCHO, antes mesmo de ser brasileiro, pois vejo nosso povo como o povo forte e determinado que é. Seguimos nossa cultura e temos orgulho daquilo que somos. E como cantam num trecho do hino rio-grandense: "povo que não tem virtude acaba por ser escravo..."
ResponderExcluirÓtimo texto! ;)
valeu gente ^^
ResponderExcluirpois é Marco, se a gente nao se valoriza quem valoriza ?